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Caderno de viagem #3


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Você já se perguntou como pode entregar o seu trabalho de uma forma diferente da que vem entregando? Melhor, de uma forma que faça mais sentido para você?

Na minha opinião, um dos grandes desafios da vida é entender como podemos exercer nosso trabalho de modo que ressoe com o que sentimos ser nossa vocação e propósito ( caso essa seja uma busca que faz parte do que você se propõe a viver).

E para que consigamos entender este espaço de verdade para nós, precisamos experimentar, nos permitir reinventar, questionar, voltar atrás e revolucionar também.

Neste caminho vamos sendo apresentados a novas formas de fazer o que fazemos a anos com um toque completamente diferente, conhecemos novas áreas de conhecimento e despertamos para conexões com expressões e conhecimentos que, a um tempo atrás, não conseguíamos conceber como tendo algo em comum com nosso campo de atuação.

Eu tenho sido convidada a estes novos olhares no decorrer da vida e aqui em Londres não tem sido diferente. A algumas semanas eu venho percebendo uma feliz sinergia entre duas áreas que fazem parte do que sou enquanto pessoa e profissional: Arte e Pesquisa.

A anos tento entender como conectar estar duas áreas da minha vida sem que uma precise ser sufocada pela outra. E foi em meio a mais uma dia de labuta que minha caixa de e-mail veio me chamar a olhar para isso mais uma vez só que, agora, com uma boa nova bastante frutífera. Eu recebi uma mensagem de divulgação de uma chamada para colaboração entre artistas e pesquisadores.

Comecei então a explorar o programa ao qual esta chamada estava atrelada e os outros que de alguma maneira dialogam com ele. Nesta viagem maravilhosa, percebi que aqui em Londres a conexão entre Arte, o expressar artístico, e Ciência (sociais ou não) é muito mais comum do que eu imaginava.

Eu ainda estou amadurecendo este meu espaço de conexão entre verdades e sinto que ainda tenho um caminho a percorrer neste processo, mas, quis compartilhar aqui esta descoberta que me alimentou a alma e me fez ir além em um sentido muito especial.

Em muitos momentos tentam nos convencer que nossa escolha profissional precisa estar atrela a apenas uma profissão ou setor, mas, cada vez menos, somos convencidos disso.

Inevitavelmente, a vida vai nos mostrando que o nosso espaço de autenticidade, muitas vezes, mora no mesmo espaço em que conseguimos conectar nossos diferentes dons e predileções.

E é também neste multiverso que conseguimos entregar ainda mais valor a quem pretendemos nos conectar.

Fazendo uma reflexão sobre a área Acadêmica, na minha opinião, um dos grandes desafios do pesquisador - em especial nas ciências humanas e sociais - ainda é conseguir entregar um resultado que tenha aplicabilidade direta nos outros setores da sociedade, ou seja, que, de fato, dialogue com eles e proponha mudanças práticas.

A partir do momento em que nós, pesquisadores, nos permitimos expandir nossos olhares e exercitar o diálogo com outras ferramentas e áreas de conhecimento (e vida), saímos de um lugar comum e nos abrimos a novas formas de ver um mesmo objeto.

Alguns exemplos de conexões são o Direito com Data Visualization, Biologia com Artes plásticas, Defesa Nacional com Psicologia, dentre tantas outras que extrapolam esta breve lista que fiz agora.

Quando nos permitimos este exercício de conectar e expandir, nos percebemos com maiores possibilidades de dialogar não apenas com o nosso núcleo de colegas e campo de expertise, mas, também, com quem pode empregar nosso conhecimento para gerar melhorias nas diferentes e diversas camadas da sociedade (empresa, Governo, comunidade local, vida pessoal).

Neste movimento, então, nos lapidamos, nos permitimos o experimentar novos espaços do ser profissional e acessamos canais, formas, expressões que podem disseminar nossa entrega por mais lugares e pessoas.

Sei que alguns não fazem questão de estarem em um trabalho que sentem como sendo sua vocação e sei, também, que não estar neste espaço é um grande desafio diário.

Porém, também sei que, cada vez mais, as pessoas vêm buscando empregar sua força de trabalho em algo que lhes faça se sentir realizadas tanto como pessoas quanto como profissionais. Uma busca que, muitas vezes, está relacionada com o compromisso em ser agente de mudança positiva na sociedade que nos acolhe.

Sendo assim, estas palavras talvez possam ressoar em alguns corações e mentes que por aqui passarem.

E se posso deixar alguma dica para quem está nesta busca, as principais que daria seriam: tenha calma com seus processos; se permita aprender a expandir seus olhares a partir de toda experiência que tiver, seja ela mais ou menos desafiadora; e tenha coragem de mudar (antes de tudo, internamente e, então, o externo acompanhará).

Para quem ficou curioso quanto a conectar Ciência com o expressar artístico, deixo aqui alguns nomes de projetos e pessoas que têm aparecido nas minhas buscas e que nos provam que alguns limites são apenas crenças da nossa mente.

Sasha Engelman, "London-based geographer exploring interdisciplinary, feminist and creative approaches to environmental knowledge making. "

The Green Art Lab Alliance, "mycelium-like network of art organizations contributing to environmental sustainability through their creative practice". Fundado por Yasmin Ostendorf.

Valley of the impossible, "invite and challenge artists, scientists and other creative thinkers and makers to envision alternative perspectives on our relationship with the natural world."

LabVerde, "plataforma transdisciplinar baseada na Amazônia brasileira voltada ao desenvolvimento de linguagens artísticas sobre o meio ambiente, que atua na produção e na democratização de conhecimentos, por meio da organização de residências, palestras, exposições, festivais, workshops e publicações."


Eu sou Jéssica Leite, Futurista, Pesquisadora, Artista, Terapeuta e um tanto quanto cética quanto à impossibilidade de vivermos em um mundo melhor.

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